Checador de fatos é uma tendência para 2021

A expansão das fake news no Brasil e no mundo trouxe aos jornalistas um novo campo de trabalho: o fact-checking (checador de fatos). O checador é um profissional que confere e aponta a veracidade dos fatos, utilizando-se de dados e declarações fornecidos em entrevistas ou divulgados nas redes sociais.

Esse trabalho investigativo, tem sido bastante relevante e indispensável no combate à desinformação, tanto que durante a pandemia de Covid-19 em 2020, a IFCN (International Fact-Checking Network), fundado pelo Poynter Institute, uma organização de jornalismo sem fins lucrativos dos Estados Unidos, reuniu mais de 80 veículos em mais de 70 países em uma grande aliança de verificação de notícias falsas. Segundo o site Uol, desde que começou em janeiro até agosto, mais de 7.100 boatos tinham sido desmentidos.

A importância do fact-checking

Provavelmente você deve estar se perguntando: a checagem já não faz parte do serviço do jornalista?

Sim, mas não de forma tão aprofundada. Na opinião da jornalista Cristina Tardáguila, diretora da agência Lupa, o “fact-checking é uma prática que exige muito tempo e persistência e isso é uma coisa que está em escassez nas redações brasileiras, infelizmente. Exige, sim, uma dedicação e uma obstinação que nem sempre a disputa da indústria nacional permite”.

O jornalismo online deixou em segundo plano o trabalho de apuração, focando massivamente na produção de conteúdo em tempo real. Um dos motivos para essa situação deve-se à demissão de mais de 2.300 jornalistas entre 2012 e 2018 das redações, conforme dados da agência de pesquisa Volt Data Lab.

Além disso, para a coordenadora de programas da IFCN, Dulce Ramos, o jornalismo se tornou mais declaratório e menos comprovador. Em entrevista ao site Canaltech, Dulce afirma: “é mais fácil fazer jornalismo entre aspas, declarativo, do que realmente se colocar a verdade, contrastar se o que um político disse é certo ou não. Só que isso leva tempo e esforço. E, às vezes, o repórter não tem tempo”.

Agências de fact-checking

De acordo com o site Politize, o fact-checking surgiu da urgência que muitos jornalistas viam em fazer um trabalho de apuração mais minucioso e não simplesmente replicar falas, informações e dados como fatos. Pesquisa realizada em outubro de 2020 pela Duke Reporters Lab, identificou 300 verificadores ativos em 84 países. Conheça o trabalho de algumas agências no Brasil:

Lupa

Primeira agência de fact-checking do Brasil, a Lupa nasceu em 2015 e está hospedada no portal do site da revista Piauí. Os fatos são classificados como: falso, verdadeiro, verdadeiro, mas ainda é cedo para dizer, exagerado, contraditório, insustentável, subestimado e de olho.

Aos fatos

A agência mantém uma parceria com o Facebook para redução do alcance das fake News, dando maior destaque ao jornalismo de qualidade no feed de notícias. Sua classificação abrange os itens: verdadeiro, impreciso, exagerado, distorcido, contraditório, insustentável e falso.

Fato ou fake

Lançado em 2018 na seção do G1, o Fato ou Fake conta com a equipe de jornalistas do grupo Globo de Comunicação para checar as principais notícias que circulam na internet. Pelo WhatsApp é possível fazer pedidos de checagem de conteúdos duvidosos.

Projeto Comprova

Entidade sem fins lucrativos que possui apoio financeiro das instituições Google News Initiative e do Facebook Journalism Project. O projeto colaborativo, reúne jornalistas de 28 diferentes veículos de comunicação, que desvendam notícias sobre políticas públicas e o Covid-19.

Boatos.org

Criado em 2013 por Edgard Matsuki, o Boatos.org tem como objetivo esclarecer os principais boatos e mentiras contadas online. O site é atualizado diariamente por jornalistas brasileiros.

Ficou interessado?

Se você tem graduação em Jornalismo e ficou interessado em ser um fact-checker, saiba que algumas instituições já têm investido nessa capacitação. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Faculdade Cásper Líbero são alguns exemplos.

A Faculdade Cásper Líbero terá uma nova turma em abril. O curso EAD “ Fact-Checking – Técnicas para apuração de fatos” será realizado nos dias 17 e 24 de abril no horário das 09h às 13h. O valor é de R$ 320,00. A palestrante será a jornalista e professora da Unisinos, Taís Seibit. 

Texto publicado no blog Vivian Lopes


Telma Lima

Jornalista, produtora de conteúdo web.