Viajar sozinha!?Isso é loucura! Como você aguenta? Para os que viajam sem companhia, como eu, essas frases provavelmente já foram ouvidas algumas vezes.

Desde 2002 eu viajo sozinha, simplesmente por que eu gosto de estar comigo mesma e por que não há nada mais relaxante que contemplar praias paradisíacas do Nordeste. Por ser ansiosa, eu não aguentaria ficar esperando por outras pessoas para viajar. É mais fácil eu agendar uma viagem e meus amigos virem depois.

Desde a minha primeira viagem até hoje percorri várias praias, admirando as areias, as cores, os pratos, os bordados, enfim. Só eu e Deus. Alguns podem pensar que eu detesto conversar, interagir, mas não é o caso. Eu utilizo esse momento para pensar em mim mesma, em me dar um tempo, é como se eu estivesse em um retiro espiritual, ou como diz minha psicóloga, praticando mindfulness sem saber.

Prazer em contemplar

E quando eu falo em contemplar, é entrar de mente e alma na experiência, é agradecer ao Divino por aquela beleza da natureza existir e esquecer nesse momento os problemas, por mais dolorosos que sejam. E sem celular! Sim, ninguém vai perder um braço se deixar por algumas horas de postar mais de mil fotos num dia no Instagram ou no Facebook. Aliás uma coisa que eu não faço é ficar tirando fotos o tempo todo, tentando criar poses mirabolantes para me inserir na paisagem.

Em Porto de Galinhas, estava numa jangada e não cansava de olhar aquela praia limpa, cor piscina, aquele vento refrescante, até a hora que comecei a olhar as pessoas a minha volta – todas, sem exceção – não paravam de ver o celular.

Viaje na viagem

Eu não tenho o intuito aqui de julgar as pessoas o modo como elas viajam, mas lançar um olhar diferente sobre a importância da “viagem em si mesma”. Quantas vezes na nossa carreira não tivemos que olhar para dentro de nós mesmos, em silêncio, e visualizarmos a trajetória profissional que gostaríamos de ter e não as expectativas alheias?

Eu tive depressão aos 25 anos por acreditar que eu seria feliz somente se tivesse alguém grudado em mim. Essas viagens me provaram que eu estava completamente errada. Toda vez que eu viajo, eu celebro a minha independência.

Tenho 50 anos e posso afirmar com certeza que viajar sozinha é uma das melhores experiências da vida, todos deveriam fazer isso de vez em quando, assim como mergulhar nua numa praia de nudismo. Ops! Esse tema fica pra outro post.


Telma Lima

Jornalista, produtora de conteúdo web.